segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Ainda falta muito para chegar?




A escola faz mal às crianças... se ela for uma “linha de montagem” de “produtos normalizados”; à margem da imaginação, da criatividade e, sobretudo, da singularidade.



                                   


A escola faz mal às crianças quando se chama a um berçário uma... escolinha e se imagina que a “vida escolar” comece aí. E se permite (sem nada se fazer para o alterar) que, desde muito cedo, haja crianças confiadas a berçários. Por causa dos técnicos que lá estão? De modo algum! Porque as crianças são obrigadas a ter ritmos e rotinas muito pouco personalizados. Se ligar a biologia nervosa, as incidências da sua história de vida e os ritmos dos pais já não é fácil, imaginando que eles sejam capazes de se descentrar de si próprios, ligar tudo isto com uma uniformidade dos ritmos da maioria dos berçários (com tempos idênticos para as crianças se alimentarem, para dormirem ou para serem estimulados) faz mal aos bebés. Num país amigo das crianças, e considerando o bem precioso que representam, só se devia entrar numa... escolinha dos dois para os três anos. Até lá, seja a mãe ou o pai − com possibilidade de terem licenças de parentalidade mais alargadas ou trabalho em tempo parcial − sejam os avós (mesmo que, para tanto, sejam apoiados pela segurança social), seja uma ama (de preferência, em casa dos pais), tudo é melhor para a saúde do bebé. Passar dias e dias deitado, olhando para o ar − na verdade, olhando para o mesmo mobile que dá voltas e voltas diante do seu nariz − torna cada bebé um bocadinho mais estúpido do que quando lá entrou.

A escola faz mal às crianças quando permite que se distinga, todos os dias, a educação infantil do ensino obrigatório, e se permite que os jardins de infância não sejam, tendencialmemte, gratuitos e para todos os meninos. Mas faz, ainda, pior quando permite que haja infantários da rede pública, que funcionem, há anos a fio, em contentores, e infantários, muito exclusivos, onde estão oito, dez ou 12 crianças, no total, e onde os pais, privando-os do bem precioso da vida (na sua generosidade inclusiva), pagam 1500, 2000 e 2500€ por mês por uma exclusividade que debilita o crescimento e as crianças.

A escola faz mal às crianças quando permite que os jardins de infância sejam pré-escola. É por isso que eu acho que devia ser proibido ensinar a ler e a escrever no jardim de infância! Mas, então, para que é que serve um jardim de infância? Serve para as crianças se socializarem. E serve para alimentarem a surpresa de transformar uma educadora numa... quase-mãe.

Serve para alimentar a educação física como se fosse uma escadinha: indo da tonicidade ao equilíbrio, e daí ao movimento, à coordenação motora, ao ritmo, à expressividade, ao brincar, ao jogo e, naturalmente, à relação. Tudo isso ajuda a perceber que todos os meninos ensinados a domesticar o corpo não sabem pensar e vivem fugindo... da vida.

O jardim de infância serve, também − tenho-o dito − para a educação visual. Ajuda a distinguir olhar e ver; ajuda a ir do garatujo ao rabisco e do rabisco ao traço; ajuda a ir do corpo (com que se desenha e com que se pinta) ao pensamento (e vice-versa); ajuda a ir do sentir ao representar; e ajuda a criar imagens e símbolos (para que sejam desconstruídos, a seguir). O jardim de infância ajuda a perceber que quem não sabe desenhar não sabe escrever!

O jardim de infância serve, também, para a educação musical. Para ir do som à harmonia dos sons e, com isso, para ir da sensibilidade à expressão musical e dela aos sons com forma (que são as letras) e aos sons com legendas que são as palavras. A música é a única Torre de Babel do mundo: sem a música as crianças tornam-se menos aptas para a língua materna. E sem língua materna, versátil e expressiva, nunca organizam um ritmo do género “sente, discorre e faz” sem o qual o pensamento deixa de pensar sobre si e sobre o mundo. E adoece!

O jardim de infância serve para brincar. Porque quem não brinca fica fechado (e desconfiado) no seu mundo e, em vez de ficar amigo da diferença (sem a qual nunca se cresce) fica xenófobo e arrogante, mais agarrado ao passado do que amigo do futuro.

O jardim de infância serve para escutar histórias e para as reproduzir; e para as reconstruir; e para as dramatizar; e para fazer com que elas ganhem vida em nós e, assim, servem para ir do drama à sátira ou à comédia mas, sobretudo, servem para ir da intriga à surpresa, à empatia, à comunhão e ao entusiasmo.

O jardim de infância serve, ainda, para conversar. É por isso que as crianças − todas as crianças (!) − para serem saudáveis, têm de ser ruidosas na sala de aula e têm, de fazer uma algazarra, no recreio. E têm de chocar umas com as outras, têm de se sujar, e de transpirar, com abundância. Escolas com poucos recreios ou com maus recreios são escolas com necessidades educativas especiais e são escolas amigas do insucesso escolar!!! Do mesmo modo, todas as escolas, seja qual for o grau de ensino, que não tenham um quadro de honra para os alunos faladores, não são uma escola: são um lugar onde se transformam crianças saudáveis em pessoas sonsas e insossas.

Estamos a passar, como reparam, do jardim de infância ao ensino básico... Mas se é básico é porque com ele se aprofundam as bases do conhecimento. Então, se olharmos com atenção, temos razão para dizer que...

A escola faz mal às crianças quando as deixa ter aulas ou de manhã ou de tarde. Todos somos mais inteligentes de manhã. Porque somos animais sensíveis à luz... É por isso que as aulas de tarde incentivam o insucesso escolar. E faz mal quando se deixa que o dia escolar comece com a educação física, por exemplo, e termine, já com os crianças fisicamente cansadas, com o português. Isto é: uma parte da distração dos alunos resulta da forma, muitas vezes sem sentido, como se organiza um dia de aulas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Seu filho pode ajudar em casa!


Fim das birras à mesa





Conselhos para as evitar

Ter crianças à mesa nem sempre é tarefa fácil.

Na infância, as birras em relação à alimentação são comuns.

Cabe a si encarar as refeições com naturalidade, caso contrário, transmitirá ansiedade.

Reúna a familia à mesa, tornando a refeição um momento de convívio e prazer e tenha em atenção às seguintes dicas de Ana Serrão Nelo, coordenadora do Centro da Criança no Hospital Cuf Descobertas:

- Deixe o seu filho mexer na comida. Sujar-se faz parte do crescimento.

- Se ele comer pouco, não o deixe sair logo da mesa nem lhe dê, de imediato, um alimento que ele gosta, ou transmitir-lhe-á que a refeição é pouco importante.

- Se ele costuma provocar o vómito, dê-lhe pouca comida de cada vez e uso só uma parte da colher.

- Ensine através do exemplo: coma, você própria, sopa, prato principal e fruta. Estará a dar um bom exemplo ao seu filho.

- Evite castigos relacionados com comida e fatores de stresse antes e durante a refeição

sapocrescer

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Beijar a boca dos bebés, sim ou não?




Beijar é um ato normal e cotidiano que realizamos muitas vezes durante o dia para saudar um conhecido, para nos despedirmos de nosso esposo antes de ir trabalhar, como cura para uma ferida de uma criança ou como mostra de carinho. Costumamos dar beijos no rosto e às vezes chega até ser uma expressão tão rápida e quase banal que os nossos lábios não conseguem tocar a pele da outra pessoa. Mas há outros beijos que damos na boca, normalmente no nosso esposo e em muitos casos nos nossos filhos. O que você acha de beijar a boca dos bebês? 

Por que não deveríamos beijar os bebês na boca?

Beijar na boca dos nossos filhos é um ato muito comum em muitas famílias, um costume que acontece de forma natural, como quem dá um beijo no rosto. Eu fiz isso por muito tempo, até que os catarros e resfriados foram passando de um para o outro sistematicamente, durante um duro inverno e decidi tomar hábitos mais assépticos.

Estas são as teorias contra o beijo na boca das crianças:

- A razão principal de quem acredita não ser correto, é médica: creem que é um ato que pode transmitir doenças ao bebê tais como gripe, resfriado ou mais graves como a mononucleose. 

- Para outras pessoas é inaceitável dar um beijo na boca de uma criança, ainda que seja seu filho, já que acreditam que está relacionado com uma “conduta sexual”, reservada apenas para casais. 

- À medida que as crianças vão crescendo não é correto continuar com o costume, já que por um lado poderia ser objeto de gozações na escola ou a criança poderia confundir esse costume e tentar repetir com seus amigos.

Esta é a teoria principal a favor de beijar o bebê na boca:

- É um ato de carinho e amor sem nenhuma conotação, que cria um vínculo mais próximo entre pais e filhos. Não tem nenhuma conotação sexual ou seja, só é a expressão do amor entre pais e filhos. Abraçar e beijar crianças é normal para um bom desenvolvimento emocional. 

E você, o que acha? 

Alba Caraballo
Editora de GuiaInfantil.com

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Os desenhos dos seus filhos



Por que os deve guardar

Desenhar é uma coisa natural nas crianças. É como conversar para os adultos.

Da mesma forma que os seus desenhos da família revelam o modo como a criança encara os vários membros e das relações de afeto entre eles, os que ela faz do que rodeia permitem-lhe ter perceção da noção que ela tem do meio que a envolve.

Tal como um verdadeiro artista, o seu filho gosta de ser admirado. Saiba como reagir às suas obras, para não ferir suscetibilidades e aumentar a sua autoestima:

- Guarde os desenhos que lhe forem oferecidos

- Se não os compreender, peça-lhe para explicar. Cada um tem uma história e a maioria das crianças adora contá-la

- Evite fazer comentários depreciativos, pois pode afetar a autoestima

- Se algo lhe parecer estranho não se alarme. Pode ter sido inspirado na TV ou até copiado por um colega de escola

- Os temas, motivos e cores usados ou a própria rejeição da atividade, apenas são preocupantes quando repetidos sistematicamente. Em situações de dúvida, tente saber junto da professora como é o comportamento da criança na escola e consulte um especialista

Texto: Maria Vasconcelos
Sapocrescer

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Os erros que os pais mais cometem




Especialista aponta soluções

O estado de desenvolvimento psicológico e social dos pais condiciona o processo evolutivo de educação dos filhos.

Este está, muitas vezes, na origem das principais lacunas que os progenitores evidenciam. «Manter a capacidade de nos deslumbrarmos com o que está à nossa volta, como fazem as crianças, é a chave para sermos mais felizes».

Quem o diz é Isabel Empis, psicóloga e psicoterapeuta, uma apaixonada pela vida que transmitiu isso mesmo no seu livro «Eu quero amar, amar perdidamente».

Um livro de crónicas sobre crescer e amar cujo título recorda o poema homónimo de Florbela Espanca porque demonstra que «até nesta poetisa, que nos transmite uma vida de desespero, havia esperança», assegura a autora. 

«A nossa felicidade vem da nossa relação com as coisas e não destas. Vem da nossa capacidade de nos transformarmos e de amarmos perdidamente como só as crianças o fazem», realça. Percorra connosco esta viagem interior.

Como é que os pais devem lidar com os desafios que se colocam na relação com os filhos?

Deixar os filhos serem eles próprios. Os pais devem dar atenção aos filhos e curtir o tempo que estão com eles.

O que é essencial que os pais façam para garantirem aos filhos uma infância feliz?

Estar presente e deixá-los ser criativos.

E que erros deteta na relação entre pais e filhos?

Falta de atenção e de diálogo. Os pais bombardeiam as crianças e jovens com atividades secundárias e ainda não perceberam que eles próprios podem ser o melhor programa para os filhos.

Muitas mulheres sentem uma enorme culpa por não poderem passar o tempo que desejavam com os filhos. Que conselhos lhes pode dar?

Aproveitarem o tempo que estão juntos, não falar dos filhos mas com eles e não estarem preocupadas com o trabalho e com a ideia de sucesso.

sapocrescer