domingo, 15 de março de 2015

Filha és… mãe serás




Quando era pequenina olhava com espanto para a minha mãe.

Quando o frango assado vinha para a mesa, ela era sempre a última a servir-se: cada um escolhia o que gostava mais e, por último, lá se servia a minha mãe, sempre com um sorriso.

O ovo estrelado que rebentava na frigideira tinha sempre como destino o prato dela.

Descascava as maçãs para todos e comia a que sobrava “está tocada mas é boa, não é para desperdiçar”.

Agora eu sou, instintivamente, essa mãe, com outras carinhas pequeninas a olharem-me com espanto.

O amor está nos gestos mais simples. Está nas maçãs tocadas, no ovo estrelado que rebenta. Nas mãos frias na testa que aliviam a febre… que curam tudo.


Filha és, mãe serás …

Maria Capaz