No entanto, para se discutir este assunto de forma fundamentada, é preciso analisar várias questões.
Sendo assim, a favor de uma entrada precoce temos os seguintes pontos:
1 - Quanto mais cedo a criança entrar para o Infantário, menos vai estranhar.
2 - O Infantário ajuda bastante na estimulação das crianças e na sua aprendizagem social de relacionamento com os outros e obediência a regras.
3 - A aprendizagem das rotinas desde cedo permite uma maior facilidade na sua aquisição.
A favor de uma entrada mais tardia, temos as seguintes questões:
1 - Quando as crinças entram para o Infantário, adoecem muito mais frequentemente.
2 - Na casa dos avós as crianças têm mais atenção para elas.
Deste modo, pesando todos os prós e os contras, a minha opinião (que pode ser polémica...) é que, de um modo geral, a entrada precoce no Infantário é mais benéfica do que prejudicial. Não é necessário que o bebé entre logo aos 5 meses, mas eu diria que deveria fazê-lo até cumprir 1 ano de idade.
Claro que isto é uma afirmação descontextualizada, pois como se costuma dizer "cada caso é um caso" e a hipótese de deixar um filho com os pais/sogros, com menor probabilidade de adoecer é também muito válida e não necessariamente inferior. No entanto, a questão da aprendizagem de regras é para mim fundamental e aí não tenho dúvidas que os Infantários são muito mais eficazes do que qualquer outra solução.
Seja qual for a sua decisão, é importante também ter presente que não há nenhuma opção completamente ideal, portanto não vale a pena sofrer muito quando chegar a hora de escolher...
blogpediatriaparatodos
Creche? sim, mas a que idade?
Não raras vezes os pais deparam-se com a dúvida legítima de colocar os filhos na cresce ou de os deixar no seio da família, mais precisamente com os avós. A dúvida se é mais pertinente ter uma criança sociável ao ano de idade ou aos dois anos de idade ou mantê-la em casa assombra muitos pais.
Há quem defenda que importa levar as crianças para junto de profissionais competentes, educadoras e auxiliares qualificadas, aptas a promoverem o desenvolvimento social da criança. Há quem defenda acerrimamente a necessidade das crianças em comunicarem com outras crianças da sua idade e com crianças com idades um pouco mais elevadas. Reconheço que esse convivio as obriga a negociar papéis, objectos e vontades uma vez que ao contactarem apenas com adultos a razão que prevalece é sempre a da figura de autoridade. Por outro lado, a comunicação com crianças mais velhas é importante no que ao desenvolvimento da linguagem diz respeito. Adquirem novos vocábulos e novas expressões gramaticais. As relações entre crianças activam a sua integração com o outro e fá-las compreender a necessidade de negociar com os outros os nossos desejos e vontades de modo a que as vontades alheias também sejam respeitadas . Aprender a articular vontades é uma aprendizagem essencial para um ser que se encontra em construção.
Apesar de ter estudado muitos autores de renome que defendem o que anteriormente anunciei e apesar de partilhar a essencia das teorias supracitadas, defendo que há vantagens em manter as crianças em casa nos três primeiros anos de vida. A dificuldade em manter as crianças em casa reside, como sabemos, no facto da mulher trabalhar fora de casa, facto que não acontecia com tanta frequência há algumas décadas atrás. A independência da mulher , com todas as vantagens que apresentou em termos sociais, dificultou obviamente a educação dos filhos. Obviamente que a segurança social e as políticas governamentais deveriam apoiar muito mais as mulheres mães, mas todos sabemos que isso não acontece. A mãe deveria, por exemplo, ter a oportunidade de ficar em casa, sem perder regalias no trabalho, durante o primeiro ano de vida da criança, os benefícios para o desenvolvimento global da criança encontram-se estudados, mas as políticas não ouvem a ciência. Muitas são as mães que se vêem obrigadas a levar as suas crianças com dois e três meses para amas ou creches e as reencontram apenas ao final do dia, a alternativa? Perder o emprego!
À falta de políticas capazes de defender a maternidade e as crianças, pois estas serão em adultos o que nós fizermos delas, defendo a importância da família. Urge que sempre que possível os avós se ocupem dos bebés até por volta dos três anos de idade, idade em que a socialização faz sentido. Por outro lado, a ideia de que o bebé na creche se desenvolve muito mais, é muito mais activo e mais sociável é muito discutível. Se o bebé tiver pais empenhados em activar o lado cognitivo, emotivo e motor da criança, se souber dizer não na altura certa, mas acima de tudo tiver uma enorme vontade de o mimar muito , certamente que o bebé não vai ficar prejudicado. Defendo que os bebés precisam acima de tudo é de mimo, mais tarde, por volta dos três anos, aí sim, é preciso dizer não, é preciso educar sob pena de não se conseguir fazê-lo nunca mais…
Até esta idade as creches fazem falta aos pais porque estes têm necessariamente que ganhar a vida numa sociedade que não se contempla com emoções, que prefere remediar do que evitar e não faz falta nenhuma a um recém nascido.Toda a experiência profissional e a qualificação das educadoras é preciosa, mas numa fase mais avançada da vida da criança.
Prof Elsa Martins